quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Pelas Terras de Capela Nova

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Meu pai nasceu no pequeno destrito das Lobas na cidade de Capela Nova,
aos pés da serra da Mantiqueira.
Tinha apenas 8 anos, quando tudo aconteceu...
Zefinha entrou espivitada trazendo a notícia e o furdunço.
- Tio Nonô morreu...
- Morreu? Morreu como?
Perguntou tia Ceição.
-Foi apear o cavalo, tava bebim...Bebim...
Desequilibrou, bateu a cabeça e morreu... Tava ate comum termo de linho...
Parece que tava divinhando.
-Vão lá gente, vão consola a comadre Gerarda.
-Zefá ajuda a lava os pé dos menino.
-Vô pega a lata de banha, uns pedaço de carne e uma garrafa de pinga, que e pra node de ajuda a corta o frio da noite e bebe o defunto.
-Zefá pega também uma muda de roupa preta, ce sabe, cume que é a língua desse povo. parente de defunto tem que ta distinto.
Quando chegaram, já se ouvia os soluços de comadre Gerarda.
-Ele era tão bão pra mim...
-Foi na flor da idade...
-Vai fazer uma falta...
Neste momento chega pra fazera última homenagem a viúva o doto veriado Nelsinho da Capixeira.
-Dona Gerarda...Trago os meus sentimentos e também uma urna, que transportei na capota da Brasília. Já que o finado era meu sincero eleitor .
Com muito cuidado e cerimônia o morto e colocado dentro do caixão
em cima da mesa da sala.
Lá pelas tantas da madrugada, chega o vereador Zé Pelado.
-Dona Gerarda trago o meu consolo e um caixão que transportei na Rural.
Pra modo de fazer um agrado final ao meu saudoso e fiel eleitor defunto.
Pronto acederam o barril de pólvora.
Quando seu Nelsinho Capixeira bateu o olho no Zé pelado. Um avançou no pescoço do outro, depois avançaram no defundo. Foi um puxa daqui...Puxa dali... Um saiu com pé de sapato outro com um pedaço da camisa. A esta altura dona Gerarda tava desmaiada sendo abanada pela Zefá.
O padre Zé Duarte, exorcista , benzedor e candidato a prefeito, foi chamado e ameaçou excomungar os dois vereadores. Depois que a poeira abaixou.
Surgiu um problema :
Dois caixões em cima da mesa e um único defunto.
Mais dona Gerarda propôs:
-Chama o doto delegado.
Chegou doutor Galdinho acostumado a resolver qualquer tipo de
pendência naquelas bandas.
O doutor delegado foi logo dando a solução:
-Vamos sortear o defunto e não aceito reclamações e mem disse me disse.
-Qualquer reclamação vou considerar desacato.
E o sorteio prosseguiu, os papeis escritos e conferidos por duas testemunhas.
O sorteado foi o Zé Pelado. E o defunto foi tranferido, encaixotado e sepultado.
O fato é que até hoje ninguém sabe em quem o seu Nonô voltava afinal sua boca e um túmulo.

Escrito e Publicado por Nice Baêta.


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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Com Açúcar e Com Afeto – Vivencias de Uma Geléia de Jabuticaba



Época de Férias... De casa da Vó Constança...
Tempo de jabuticaba... De Geléia... De ouvir e imaginar muitas Histórias.
A criançada chegava correndo feito bando de andorinhas...
O Jipe agarrou no atoleiro perto boqueirão...
A mãe tá toda elaminada com o Fernando nos braços.
E lá se vai o tio Tamiro com a junta de bois puxar o carro.
Quando finalmente a chuva estiava. As jabuticabas já estavam no ponto.
A avó e os netos subiam no pé de jabuticaba.
Chupavam muitas... Riam muito...
Ela contava histórias de assombração...
De escravos que arrastavam correntes...
Dizia que criança que mexe com fogo mija na cama.
Dizia prá gente não andar perto da terra de arroz...
Dentro da propriedade do senhor Modesto.
Porque ele tinha parte com o coisa ruim.
E estava chocando um filhote de capeta de baixo do sucavo.
A gente ia com a esperança de ver o filhote.
Um dia fui pescar escondido e quase fui mordida por uma cascável.
Mas dei um pulo de banda e quase raspei a cabeça da bicha.
Fiz o sinal da cruz e sai correndo.
Devia ser um dos guardas do capeta.
E claro que não falei nada.
Minha vó também gostava do pé de marmelo apesar
de não ter fruto.
Depois do almoço reunia as jabuticabas,
lavava, espremia, coava na pereira de palha,
colocava açucar e fervia.
Mexia e era só uma questão de tempo.
Enquanto esperava pegar o ponto
ela cantava lindas canções.
As minhas preferidas eram estás:

Ai eu entrei na roda... Eu entrei na roda dança
Eu não sei como se dança... Eu não sei dançar
Sete e sete são quatorze... Com mais sete vinte-e-um
Tenho sete namorados
E não gosto de nenhum.
*
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhante
Só pra ver
Só pro meu amor passar

Nessa rua
Nessa rua tem um bosque
Que se chama
Que se chama solidão
Dentro dele
Dentro dele mora um anjo
Que roubou
Que roubou meu coração

Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Tu roubaste
Tu roubaste o meu também
Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Foi porque
Só porque te quero bem.



Escrito e Publicado por Nice Baêta.

Nunca fui como todos

Imagem Retirada do Google

Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...

Florbela Espanca

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